João Martins de Souza
Nascido e batizado em Laguna, em 11 de maio de 1820, descendente dos primeiros imigrantes portugueses da região, João Martins de Souza era filho de José Martins Gallego e Severina Clara de Jesus, neto paterno de Francisco Martins Gallego e Maria da Conceição dos Anjos, açorianos, e neto materno de André Ignácio de Souza e Joanna Clara de Jesus, naturais da freguesia da Lagoa da Conceição.
Inquieto como era, com fantasias arrojadas como seu avô Francisco que veio da longínqua Ilha Terceira dos Açores, ainda moço, assumiu um rumo que seria, na sua formação, o destino certo ao sair em busca de novas terras. Enquanto se preparava para viajar, encontrou a jovem Thomázia Anna de Jesus, que era filha de Thomaz Pereira da Roza e Anna Josefa Mendes, e apaixonando-se. Casou-se na cidade de Tubarão com Thomázia em 20 de novembro de 1841. No ano seguinte, João deslocou-se para aquela que seria sua nova morada por mais 50 anos, para terras às margens do Rio Capivary, onde começou com um porto de canoas, no Gravatá. O município era assim chamado nesta época por causa da grande quantidade de Gravatás (bromélias) que aqui existiam.
Por certo tempo, João Martins de Souza trabalhou com transportes no escoamento da produção agrícola das Freguesias vizinhas e do Vale do Braço do Norte, Capivari, Tubarão e da Serra até Lages com destino ao Porto de Laguna. Tinha a função de entreposto e suas canoas chamavam-se Florzinha, Catalão, Mariana e Flores Bella. Trabalhador, João construiu dois engenhos de cana de açúcar e farinha de mandioca, o que fazia aumentar quantitativamente tais produtos. Tempo depois, adquiriu terras, cerca de quinhentas braças de frente e mil de fundos, onde construiu sua casa às margens do rio para facilitar seus deslocamentos via fluvial.
De família espiritualizada, muito católica e de uma fé inabalável, que ia sendo transmitida aos seus descendentes. João ganhara de seus pais um tear e era nele que teciam suas próprias roupas, trançavam fios de algodão e lã. Os fios eram tingidos com sementes de urucum e outros. Plantavam e criavam animais domésticos para o consumo e o que sobrava faziam troca e comercializavam. João, também, exerceu a função de Juiz de Paz na Freguesia, contribuindo assim, para que a ordem fosse respeitada. Dono de escravos, conta-se que ele era Sinhô dos bons tratava-os com muito respeito. Após a assinatura da Lei Áurea deu-lhes terras e estes continuaram com ele.
Quando João faleceu em 07 de novembro de 1891, em Gravatá seu escravo já liberto, Tio Candinho levou um buquê de flores variadas, inclusive Gravatá (bromélia) e depositou em sua sepultura junto com suas lágrimas. Após sua morte a viúva Thómazia continuou o seu trabalho com os filhos. Foi ela, quem doou terras para a construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Freguesia de Gravatá (Porto).
Aos 81 anos já idosa, Thomázia veio a falecer, em 07 de novembro de 1904 em Gravatá. João e Thomázia deixaram enorme descendência de filhos, netos e bisnetos. Seu filho José Martins de Souza deu continuidade em seus negócios.
Thomázia e João tiveram 12 filhos:
- Maria Thomazia de Jesus;
- Manoel João Martins;
- Thomaz Martins de Souza;
- Antônio Martins de Souza;
- Anna Thomazia de Jesus;
- Bernardina Thomazia de Jesus;
- Maria Virginia de Souza;
- Guilhermina Thomazia de Jesus;
- José Martins de Souza (meu bisavô)
- Pedro Martins de Souza;
- Joaninha Martins de Souza;
- Clarinda Martins de Souza;
Esta biografia só foi concluída através de pesquisas de sua trineta, a professora Marisaura Medeiros Duarte e de seus alunos que cursavam as 2ª séries do 1º Grau, na Escola Básica Geraldina Maria Tavares no ano de 1996, no Município de Gravatal e que estão reunidas no livro Gravatá: uma volta ao passado. É importante salientar ainda, que parte desta história foi complementada e retificada com a colaboração do tataraneto, Edemar Martins, que estimulado pela prima Marisaura Medeiros Duarte e por sua Tia Dóca (Idalina Martins Medeiros), continuou a pesquisa da busca dos ascendentes de seu trisavô João e, baseada em documentos obtidos em cartórios civis e eclesiásticos:
Cúria de Tubarão, Arquivo Histórico Eclesiástico Metropolitano, Governo Regional de Açores, Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Angra do Heroísmo Açores. Diversos genealogistas e historiadores consultados via internet e Grupos de Genealogias Familiares, e ainda, escritores como Walter Piazza e Vilson Francisco Farias. Arquivo dos Mormons-Famlysearch-Records e outras fontes como museus, cemitérios acervos de familiares. Desta forma, foi possível reconstruir a vida deste pioneiro FUNDADOR e a origem de sua família.